Se a humildade tivesse uma forma humana, poderia ser a do Maumau. Maurício Horsth ou “Mauricinho” como era apelidado em criança tem a capacidade de cativar pela autenticidade e pela forma como se posiciona na vida, a de um eterno aprendiz. Essa é uma energia que se sente. Quem o conhece ou teve a oportunidade de conhecer, sabe do que falo. Uma espécie de alma velha num corpo que precisa de tempo para atingir a maturidade e que, normalmente, associamos a quem já percorreu um longo caminho. Visualmente, pode ser desconcertante já que mantém o brilho no olhar típico de quem quer abraçar o mundo e, cada vez mais, raro de se encontrar em idade adulta.

Ser filho de uma celebridade, Cleberson Horsth, membro da banda Roupa Nova, poderia ter sido uma rampa de lançamento. No entanto, isso não aconteceu. O facto de ter crescido rodeado de conforto poderia tê-lo poupado a humilhações, mas o brasileiro de origem luso-germânica que marcou presença na segunda edição do Hell’s Kitchen Portugal colocou-se à prova, consciente dos obstáculos. Decidiu passar por um conjunto de experiências que outros confrontados com a possibilidade de escolha, teriam driblado. Ao posicionar-se como um aluno sujeitou-se a uma aprendizagem pouco ou nada linear e fê-lo por acreditar que com ela sairia mais forte. E saiu. Não só pelo talento que lhe é reconhecido enquanto chefe de cozinha ou cozinheiro, como prefere ser chamado, mas pela forma como continua a acolher o outro. Pela forma como conseguiu adquirir o que procurava e libertar-se do que não lhe fazia falta. Uma leveza que se traduz no modo como encara a vida assente no respeito dos que mais ama, naquilo que dizer ser o seu “essencial.” Uma receita de sucesso que pela sua simplicidade parece, à primeira vista, ter deixado de fora algum ingrediente misterioso, ou talvez não.

Foto: LDP