O que seria de nós sem o nosso lado sombra? Somos convidados a lidar, diariamente, de forma consciente ou inconsciente com o lado menos agradável que existe em cada um de nós e que nem sempre nos deixa orgulhosos.

Determinadas palavras, pensamentos ou a forma como agimos em determinados momentos podem fazer com que, mais tarde, tenhamos vontade de enterrar a cabeça na areia. Podemos não o reconhecer publicamente, mas sabemos que esse lado sombra está lá. Por vezes, são as pessoas à nossa volta que nos alertam para o nosso temperamento ou para a nossa personalidade mais intempestiva. Reparo que nos levam a pensar na possibilidade de termos alguma peça solta, avariada ou até mesmo um defeito de fabrico!

O confinamento fez com que essa sensação se reproduzisse com maior frequência. Compreendemos, finalmente, que não somos perfeitos. Por força das circunstâncias, somos forçados a reavaliar a forma como nos vemos e, automaticamente, a imagem que projetamos para o exterior. O feedback tende a de reforçar a sensação de imperfeição. A conclusão é que somos perfeitos na nossa imperfeição.

Podemos, certamente, melhorar se decidirmos enveredar por esse caminho. O crescimento pessoal é inevitável independentemente da escolha que façamos. Quanto a esse lado sombra ou menos agradável, faz parte de nós. A unidade é composta pela soma das partes e não pela soma das qualidades. Estas, aliás, não poderiam existir sem o seu oposto. O que acontece quando levamos uma qualidade ao extremo? Torna-se defeito. É esta balança que nos permite identificar o que consideramos ser ou não agradável.

Retirar um dos pratos da balança vai impedir de pesar o que quer que seja. O nosso lado sombra não existe sem o nosso lado luminoso e vice-versa. Os dois completam-se e são necessários para esse equilíbrio e unidade.